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Mensagens

19 de Agosto

Querido diário, Há um mês estava a entrar na recta final de Compostela. Estava, aliás, acabada de sair do Hospital Universitario de Santiago de Compostela depois de lá ir de urgência por causa de uma cólica renal. Ainda hoje ao almoço contava à minha colega Isabel essa aventura, sem me lembrar que foi precisamente no dia 19 de Julho. Não que tivesse impedido de continuar a usufruir da minha vida tranquila e feliz lá, mas a verdade é que foi o início do fim e os dias a seguir passaram muito rápido. Demasiado rápido. Pensava nisto justamente esta manhã, enquanto caminhava para chegar ao trabalho: daqui a nada faz um mês que regressei e parece que, no fundo de mim, ainda lá estou. Acordo muitas vezes com a imagem do quarto da residência e vêm-me muitas vezes à cabeça fotografias nítidas das ruas por onde passava. Como se as de Braga fossem uma espécie de croma-key em que pudessem encaixar as de Compostela e a minha vida pudesse bater certo.  Não que os dias não tenham est
Mensagens recentes

8 de Agosto

Querido diário: Nunca mais te escrevi. A indisciplina é a minha maior tentação. A par disso, os dias preenchidos com várias coisas, nomeadamente tempo para descansar e nem ligar o computador e depois a absorção total de uma vida que foi a minha durante quatro semanas, fez com que ignorasse por completo esta urgência em partilhar tudo. Significa isto, pois, que muito já se perdeu e que dificilmente conseguirei recuperar para memória futura, ou pelo menos cronológica. Hoje nem tentarei voltar à cronologia que estava a tentar seguir. Para além de isto ficar cheio de flashbacks, nem sequer vou conseguir seguir uma linha cronológica muito lógica quando os fizer! Hoje escrevo-te sobre hoje. Sobre o que sinto hoje depois de Compostela. Sei que parecerá altamente pretensioso ou então um pouco religioso, mas de alguma maneira consigo subentender que existe, para mim, um antes e um depois deste mês de Julho; um antes e depois de Compostela. O que dá, precisamente, A.C. e D.C., para

11 de Xullo

Querido Diário: A aula de Historia da Literatura correu como normal, a lermos e a interpertarmos textos, o Salgado a contar-nos histórias sobre os autores (porque conheceu alguns) e com as suas saídas estranhas mas muito engraçadas, na maior parte dos casos. No intervalo fomos comer a nossa habitual tostada (vario entre xamón serrano, ovos revoltos ou de tomate, mas acho que estou rendida ao tomate!!). Juntaram-se a nós a Aleksandra e a Sara, da nossa turma. De seguida fui à biblioteca, onde já tinha estado na terça durante a tarde com a Patrícia (da nossa turma, mexicana a viver em Ourense) para consultar a bibliografia para Historia da Lingua. Saí de lá mais confusa do que tinha entrado, porque li demasiadas coisas para o que caberá no trabalho. Ao meio-dia, antes, tivemos um encontro com membros da Fundação Rosalía de Castro para falar de um projecto multilingüe em redor de Rosalía. Um colectivo de bruxelas, que reúne poetas de várias nacionalidades - mas a viver ali

10 de Xullo

Querido Diário: Por sugestão, no dia anterior durante uma caña, do Daniel Amarelo (professor de práticas de um dos níveis elementares) e do ILGA, combinámos ir a Rianxo à tarde. Estava muito calor em Compostela e ainda não tínhamos ido à praia. Tinha pensado ir a Vilanova de Arousa, mas na verdade confundi-me porque o comboio que tínhamos apanhado para Padrón ia para Vilagarcía e não para Vilanova, pelo que ficaria ainda longe ir para a praia. De qualquer forma, o Daniel tinha-nos proposto visitar Rianxo, terra governada pela esquerda e onde nasceu o Castelao, que ficava mais perto de autocarro e que também tinha praia. Metemo-nos ao caminho no final da aula, porque o autocarro saia às 13h15 da central de camionagem. A partida foi atribulada, porque a Rocío deixou o telemóvel dela sem querer no banco onde estava sentada antes de subirmos. Acontece que dois dias antes tínhamos estado eu, ela, a Alba e a Berta numa esplanada de um café incrível, que pelos vistos é um h

9 de Xullo

Querido Diário: Primeira aula de Historia da Literatura: o professor Xosé Salgado é um prato. O contraste com o estilo do Mariño foi imediato. Usa muitos castelanismos e tem uma muleta que se tornou já uma espécie de grito de guerra para nós: BUENO. Escrevo em caps lock porque ele fala bastante alto e esta muleta mais alto do que o resto do discurso. Fez uma selecção de textos para nós e começou por um da Rosalía. A Xustiza pola man. Já o tinha lido na aula de galego em Braga, mas a interpretação dele foi muito diferente daquela que fizemos. Aliás, não muito diferente: mas aquilo que é possível logo entender das primeiras estrofes, o Salgado achou que podia ser interpretado de outras formas. Isto depois de se declarar logo no início da aula "não rosaliano". Na verdade, com o tempo fomos percebendo que os seus ligeiros laivos machistas não podiam, de facto, ser conciliados com a coragem feminista dela. Mesmo assim, a aula foi boa, e valeu-nos boas risadas ao i

8 de Xullo

Querido diário: Começámos a semana com a última aula de Historia da Lingua. Confesso que queria ter tido mais semanas inteiras! O professor terminou a matéria justo no final que tinha previsto, e deixámos esta parte para trás - embora ainda tivéssemos o trabalho para fazer e entregar no dia 15 até à meia-noite. No final, tivemos meia hora de pausa e ao meio dia a segunda conferência do curso (a primeira foi na RAG na Coruña), mas desta vez com o Antón Reixa!! Quando percebi que era do grupo Resentidos, que tenho vindo a ouvir durante meses a fio, ia-me dando um colapso. Até levei a mão ao coração e ele riu-se. Isto porque o nosso grupinho maravilha ficou sentado na fila da frente porque...chegámos atrasados, ou melhor, mesmo no fim de toda a gente já se ter sentado. A conferência foi em torno da produção audiovisual (o Reixa, para além de músico, poeta, letrista e ensaísta é também produtor de cinema!!) e foi bastante interessante. Num tom calmo e sem grandes alaridos. Ao

6 e 7 de Xullo

Querido Diário: As meninas combinaram ir às termas a Ourense. A Alba foi lá passar o fim-de-semana, a Berta sugeriu ao Juliano lá ir, e a Tânia, a Rocío e a Celeste juntaram-se e foram lá ter de camioneta. Eu e o AC preferimos não gastar esses pontos, já que Ourense fica perto para irmos noutra altura, quando estivermos de volta a Braga.  Preferimos, antes, tirar a tarde para ir a Padrón visitar a Casa Museo da Rosalía de Castro. Apanhámos o comboio na estação e demorámos apenas uns 15 minutos a chegar lá. Como é lógico, esta história da viagem não podia ser livre de aventuras, e depois de ter gabado muito a entrada para as carruagens por não terem escadas e ficarem ao nível do apeadeiro na estação de Compostela, já não pensei o mesmo ao chegar ao apeadeiro de Padrón. Parecia que estávamos a chegar a Ruilhe, só que com uma distância muito, muito maior da plataforma de saída até ao chão. Fiquei à espera que aquilo descesse, um pouco em pânico, e tive medo de colocar lá o