Querido Diário:
Por sugestão, no dia anterior durante uma caña, do Daniel Amarelo (professor de práticas de um dos níveis elementares) e do ILGA, combinámos ir a Rianxo à tarde. Estava muito calor em Compostela e ainda não tínhamos ido à praia. Tinha pensado ir a Vilanova de Arousa, mas na verdade confundi-me porque o comboio que tínhamos apanhado para Padrón ia para Vilagarcía e não para Vilanova, pelo que ficaria ainda longe ir para a praia.
De qualquer forma, o Daniel tinha-nos proposto visitar Rianxo, terra governada pela esquerda e onde nasceu o Castelao, que ficava mais perto de autocarro e que também tinha praia.
Metemo-nos ao caminho no final da aula, porque o autocarro saia às 13h15 da central de camionagem. A partida foi atribulada, porque a Rocío deixou o telemóvel dela sem querer no banco onde estava sentada antes de subirmos.
Acontece que dois dias antes tínhamos estado eu, ela, a Alba e a Berta numa esplanada de um café incrível, que pelos vistos é um hotel, com um jardim lindo e pardais a voar e a poisar nas cadeiras. Almoçámos aí e no final a Rocío já se queixava de dores de barriga. No final do dia, quando fomos para o obradoiro do Xurxo, ela foi para casa porque estava pior, e enjoada. Passou a noite a vomitar e no dia seguinte teve que faltar às aulas. Foi uma espécie de gastroentrite. Foi um médico a casa dela e recomendou-lhe 24 horas mais de repouso.
Ora então a Rocío entendeu que estar na praia era repouso suficiente, e apareceu na estação de camionetas para vir connosco. Mal arrancámos, ela percebeu que tinha perdido o telemóvel e foi um filme até percebermos como podíamos garantir que não lho tinham roubado. Pediu a um rapaz que ia sentado à nossa frente para lhe emprestar o iphone para poder localizar o dela, que lhe dizia que ainda estava na estação.
Pediu a uma outra colega Argentina que o fosse buscar, mas esta colocou tantos problemas que a pobre acabou por desistir. Passámos por Ames e Padrón de autocarro. Não me recordo do nome dos outros sítios até chegar a Rianxo.
Encontrámos logo um restaurante ali em frente ao porto, onde o autocarro nos deixou, e aí almoçámos: a Rocío teve que pedir um arroz sem esturgido; a Berta pediu umas chouvas e uma salada porque tinha ficado enjoada da viagem; a Tânia comeu uma salada com batatas fritas porque era a única opção como vegetariano, e o resto de nós calamares com batatas fritas. Estava incrível! As lulas eram frescas, pequeninas, e souberam a maravilha. No final, nem pagámos tanto: pedimos dose de tapa mas que era do tamanho de uma ración, só que mais barato. Acho que foi a refeição mais barata (sem contar com o que vem com as cañas, claro) que já fiz até aqui.
No final, lá partimos à aventura à procura da praia mais próxima. Andámos um pouco (nem tanto assim, na verdade), mas era tudo a subir, sempre a subir. Desejei morrer a meio do caminho várias vezes. Quando finalmente chegámos à praia, comecei logo por tirar as sapatilha e entrar pela areia adentro, mas rapidamente me arrependi porque fervia demasiado.
Depois de estendermos as toalhas a uma sombra e pousarmos as coisas, fui a correr para o mar. Que na verdade é misturado com ria. Mas muito salgada a água! Estava fresca e foi revigorante naquele calor. Tinha era demasiadas algas no fundo; como me dá um pouco de nojo fiquei a boiar o tempo quase todo. Acho que podia ter ficado ali até ao final do curso! Até imaginei que pudessem dar umas aulas descentralizadas, umas quatro logo ali em Rianxo.
Ficámos, ao todo, umas duras horas e tal na praia, até que tivemos que voltar. O caminho inverso já se fez melhor, mas chegámos cheios de fome e sede. Voltámos ao mesmo café para lanchar e fomos logo depois para onde o autocarro nos viria buscar.
Ficámos a inventar uma performance para o dia do encontro de confraternidade que o curso faz na semana a seguir, porque os outros níveis preparam músicas ou assim. O superior não, porque não tem professores que treinem isso connosco. Então, decidimos inventar nós uma mistura entre a música medieval da outra e um hip hop sobre a nossa ida a Rianxo. Mijámos de rir, enquanto o AC desesperava pelo autocarro para que nos calássemos.
Verdade seja dita, depois de nenhum bilhete funcionar (aquilo tem um QR code) e o meu, a páginas tantas, dizer que já tinha sido utilizado e eu ficar a olhar com cara de burra para a cara de burro do motorista (pois claro que havia de ter sido usado numa das suas dezenas de tentativas para que funcionasse), aterrámos todos na viagem.
Quando chegámos a Rocío conseguiu recuperar o telemóvel nos perdidos e achados e foi um final feliz para esse feliz dia!
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